Thursday, December 18, 2008
A partida das Borboletas
Tenho saudades dos dias em que podia andar descalça na rua, dando pequenos saltinhos porque o piso queimava os meus pequenos pés.
Tenho pena de já não conseguir apanhar gafanhotos pela erva alta, para vê-los de tão perto que quase me tocavam na ponta do nariz!
Tenho pena de não sentir mais vontade de correr atrás das borboletas. Elas parecem ter-se despedido deste bocado de terra, deixando o ar menos colorido e as flores mais abandonadas. O pior, é que a partida delas significou simultaneamente o fim da infância. E mesmo que as borboletas ainda esvoacem por aí, não há olhos com tempo para as observar. Crescemos todos, deixamo-las partir.
Tenho saudades dos dias em que a minha única preocupação era estudar e levantar cedo pela manhã. O tempo aí ainda passava quase em câmara lenta, de tal forma que era capaz de dizer: Falta tanto tempo para chegar ao Natal! Não me lembro da última vez que disse isto…o tempo escorrega-nos entre os dedos.
E por falar nisso...o Natal está mesmo a chegar!
Wednesday, December 17, 2008
Papoilas
Sunday, December 14, 2008
Wednesday, November 26, 2008
Pequena
Ficou parada com um sorriso forçado nos lábios rosados, tentando segurar a saudade numa lágrima. O seu pequeno coração parecia poder explodir a qualquer momento, tal era a agonia ao sentir que as gargalhadas se despediam ao virar da esquina.
Mas, sorria sempre, como se os seus poucos anos de vida a tivessem preparado para tudo. Nas suas mãozinhas fechadas, guardava as brincadeiras e os abraços dados, para mais tarde olhar para elas e finalmente poder deixar escorrer aquela lágrima que teimava em sair dos seus olhos tristes. Queria ser forte, como se soubesse que a sua dor ia ser pungente, que as suas lágrimas iam despedaçar-me…
Esperou até deixar de ver as faces que a olhavam com surpresa, e então pôde chorar. Chorou pelo que tinha vivido, e pelas ausências que iam rodeá-la dali em diante.
É uma adulta a viver no corpo de uma menina...
Ich habe noch nie ein Mädchen so mutig... (?)--> Fiz um esforço :)
Friday, November 21, 2008
Existência vazia
Não conseguia abrir os olhos, não conseguia gemer…Não havia qualquer lógica na sua existência vazia e travada pelo corpo inerte.
A dormência enfim viria encher de abstracção cada pedaço seu, e poderia enfim deixar de ouvir os ecos de vozes tristes.
Monday, November 17, 2008
Sozinha
Ficou sozinha. Depois de todos terem derramado alguma lágrima que não puderam conter, foram embora de cabeça baixa e sem olhar para trás.
Então a chuva veio, levou para o chão os últimos resquícios de pó e abafou por instantes o cheiro das flores,da dor e da perda.
Todos partiram porque ninguém queria imaginar como devia ser estar ali, porque aquele não era o lugar dela. Nunca será o lugar de ninguém de quem se gosta.
A chuva partiu com a mesma placidez com que apareceu. As borboletas pousaram na terra molhada e remexida, e ouviram-se os pássaros a cantar quebrando o silêncio que se fez depois do choro.
Estava sozinha...por muito tempo.
Thursday, November 13, 2008
Quando...
Quando o dia acabar e a noite não se despedir.
Quando nem os mochos se regozijam pela escuridão eterna e os cágados não sabem por onde vão.
Quando os grilos enfim cessam o seu cântico monótono e repetitivo, e não há andorinhas a voar em rasante.
Quando a água já não escorre límpida e fresca, e as frutas apodrecem ainda nos ramos que lutam para não as deixar cair no solo pútrido.
Quando já não formos mais que seres esquálidos e sem rumo, e o outro não significar mais que um corpo abjecto e inconveniente.
Quando este dia chegar, saberemos que estamos na direcção do fim.
Wednesday, November 12, 2008
Um link...inconveniente
P.S. Não houve qualquer maldade neste meu texto!;)
Tuesday, November 11, 2008
A escuridão do dia
Neste dia noto-me a ser arrancada da realidade, mas esta espécie de movimento afigura-se num prenúncio de algo belo que se avizinha. Não consigo é perceber o quê.
O que sei é que cada inspirar impregna-me o corpo de sol e de dias longos. De correrias por entre o milho alto, de gargalhadas e de abraços…
Não me sinto em mim, porque me sinto a correr por entre o milho num dia solarengo, com os pássaros a cantar e o ruído de pequenos passos ao meu lado. Não estou em mim, aqui sentada, na escuridão do dia que ainda não acabou, mas que para lá se encaminha…
Friday, October 31, 2008
Pena Leve
Numa condução cautelosa mas embriagada pela beleza da natureza circundante, percorria a auto-estrada da perfeição. As curvas não eram abundantes, e por isso não o arrancavam do idílio da visão das colinas e campos de milho que corriam ao seu olhar. Conseguia sentir a brisa que entrava pelo vidro lateral, e o cheiro das flores selvagens.
Um vulto negro desperta-o do sonho acordado. É um homem numa mota: um polícia. Quebra-se toda a beleza, porque ele o manda encostar na berma. Agora, quando menos convém, eis que surgem duas curvas de seguida. Só consegue parar depois das mesmas. Então, o vulto aproxima-se calmamente como que a dar-lhe tempo de preparar-se para o flagelo.
Mas, o vulto falava numa língua estranha! Ele não entendia nada. Quando conseguiram encontrar uma língua que ambos dominassem, o vulto acusa:
Apercebeu-se do que acabou de fazer?
O quê?
Não fez pisca!
Oh…eram duas curvas seguidas…esqueci-me…
O polícia olhava-o possesso pela resposta sincera. Então, tira um saco e diz:
Bem, como é uma infracção leve, escolha aqui um verniz destes e pinte uma unha. Assim, cada vez que a ver pintada, lembra-se da sua infracção…
Ele embaraçado escolhe o verniz, e quando vai pintar uma unha diz:
Oh, já tenho uma pintada! Deve ter sido a minha namorada…já agora aproveito e pinto por cima!
Por um sonho que deve ser recordado…;)
Thursday, October 23, 2008
Wednesday, October 22, 2008
A repetição
Começas então a abrir uma enorme vala no chão, de tanto andares às voltas. Uma vala comum, em que o comum são as vezes que passas por ali. As gotas de suor parecem competir entre si para ver qual escorre mais depressa pelo teu semblante pesado, e a roupa cola-se ao teu corpo arqueado e cansado, numa aparente conspiração para travar-te os movimentos.
E lá continuas...à espera que se faça o tal caminho alternativo que te permita sair da vida elíptica.
Tuesday, October 21, 2008
Wednesday, October 15, 2008
Monday, October 13, 2008
Os bons
Se for perfeito não pertence a este lado. Tem de ser subtilmente (ou não)"transferido" para a luz...Ficar entre os comuns mortais impregna-lhes o ser da nossa sujidade humana.
Não sabemos lidar com a perfeição quando em demasia. Mas mesmo assim, os portadores dessa bondade, dessa perfeição, são sempre desejados com o mais puro sentimento humano, e deixam sempre grande mágoa em nós que mendigamos por um pouco daquela excelência.
Para que não imponhamos a nossa presença e lhe tomemos o brilho, um ser etéreo não pisa por muito tempo este chão...
Thursday, October 9, 2008
Wednesday, October 8, 2008
Nuvem de Outono
Se eu pudesse, percorria o mundo numa nuvem. Pousaria em cada montanha e beberia as gotas do orvalho. As borboletas e os flamingos seriam a minha mais constante companhia.
Cada maravilha terrena seria observada minuciosamente pelos meus olhos sedentos da sua beleza.
A chuvosa monção seria uma bênção que me transportaria até à terra poeirenta, em pequenas gotículas que iam amainando o pó confrangedor.
Mas, cada Outono vermelho que chegasse, traria consigo a nostalgia da visão longínqua das folhas caídas pelo chão, e dos casacos quentes oferecidos no ano anterior. Porque a vida é mesmo aqui em baixo, a pontapear folhas e frutos secos, e a fugir à chuva que estraga o penteado e molha os sapatos novos!
Quem sabe se num avião a viagem pelo mundo não seria mais confortável? Mas a vista a partir da nuvem não…essa seria única!
Wednesday, October 1, 2008
Prisão dos Sentidos
Sou um corpo que age por vontade própria, indiferente ao que acontece à volta. Sou um corpo preso a uma cadeira, sem conseguir levitar.
Sou uma prisão ambulante, retida sempre dentro dos mesmos pontos quilométricos.
Sou uma casa que tenta manter abertas as suas janelas para o mundo, mas uma força superior pesa-lhes, forçando-as gradualmente a fechar-se e a afundar todos os cantos na escuridão.
Sou uma sala acusticamente isolada, que não ecoa os sons do bater das asas das borboletas e o murmurar das formigas.
Sou uma crisálida que não sente os odores do mundo que aguarda a sua transformação. Sou um perfume impregnado de si mesmo!
Sou uma constipação teimosa que não saboreia os profiteroles!
Sou a Lua que estende os dedos brancos para o mar,mas não o sente a sua frescura...
Tuesday, September 30, 2008
Miniaturas
Monday, September 29, 2008
Paciência!
Tem paciência...é o que sabem dizer. Mas quem é que disse que ter paciência é a solução?E se não quiser ter paciência? Ser paciente é uma virtude...pois bem, essa não é definitivamente a minha!
Nesta demanda da paciência absoluta, engolimos sapos,e até engolimos elefantes!O problema é que cada vez mais a garganta se estreita, e barra-lhes a passagem. Porque sinceramente...não há paciência!
Dedicado aos pouco pacientes...tal como eu.
Friday, September 19, 2008
O peso da dádiva
Nos Animais – A teimosa fuga para a luz intensa, mesmo que esta consuma tudo em seu redor, incluindo o seu corpo de borboleta. O calor abrasa a sua capacidade de voar, e fá-la cair a pique em direcção ao solo que a aguarda com um abraço frio que não é capaz de apaziguar o ardor que sente. E tudo se apaga ainda em plena queda...
No Homem – A loucura de não conseguir controlar impulsos selvagens determinados por forças superiores à própria vontade. O ter tudo e não saber o que fazer com tanto. O não ter nada, e saber que isso dificilmente irá mudar. As lágrimas no olhar, as batalhas inglórias, as perdas sem retorno, as vitórias amargas...O sangue quente na terra fria.
A vida pesa...e nem todos sabem suportar.
P.S. Parabéns Pai!!!:)
Tuesday, September 16, 2008
O melhor do mundo
Thursday, September 4, 2008
Shut Your Eyes
Shut Your Eyes
Shut your eyes and think of somewhere
Somewhere cold and caked in snow
By the fire we break the quiet
Learn to wear each other well
And when the worrying starts to hurt
and the world feels like graves of dirt
Just close your eyes until
you can imagine this place, yeah, our secret space at will
Shut your eyes, I spin the big chair
And you'll feel dizzy, light, and free
And falling gently on the cushion
You can come and sing to me
And when the worrying starts to hurt
and the world feels like graves of dirt
Just close your eyes until
you can imagine this place, yeah, our secret space at will.
Snow Patrol,Shut your eyes
Tuesday, September 2, 2008
Thursday, August 28, 2008
Círculo
Não será possível dar mais asas aos sonhos, porque o despertador os interrompe no seu auge, justamente quando o subconsciente trabalha afincadamente para nos fazer duvidar se é sonho ou realidade.Em Agosto dizem que o país pára...pois eu não parei. Parei agora que Agosto se despede e que voltei à realidade, aquela que não pertence de forma alguma aos sonhos. Break the circle!!!
Este foi um dos resultados do descanso e recuperar da inspiração, trazido pelas férias!
Monday, July 21, 2008
Friday, July 18, 2008
Caixa de Pandora
Curiosidade: desejo de saber, de ver, de conhecer, de se instruir;
indiscrição, bisbilhotice…
Deve ser uma das nossas principais características: a curiosidade. Não quer dizer que seja sempre apenas “cusquice” mas realmente sentimos constantemente a necessidade de ver mais, de saber mais sobre tudo o que nos rodeia…É certo que foi pela nossa ânsia de conhecimento que evoluímos tanto…mas essa curiosidade às vezes consegue ser mesmo mórbida!
Porque é que muitas vezes sentados no sofá, os nossos olhos não se desviam da TV mesmo quando somos avisados sobre a violência das imagens? Num acidente, porque não conseguimos passar sem olhar, nem que seja por breves segundos? Num funeral, porque fazem questão de abrir o caixão? Não será melhor recordar a pessoa pelo que em tempos foi, e não a sua face sem vida? Porque vejo “Mayday: Desastres Aéreos” se sei que vou viajar???
Parece que fazemos questão de abrir todas as "caixas" que a vida nos apresenta...não será uma delas a de Pandora?
Friday, July 11, 2008
Língua Bifurcada
Cuidado, não se deixem morder!!!
Tuesday, July 8, 2008
Aquele do Tau-tau
- "Come a salada toda senão levas tau-tau!"
- "As zezas conseguem fazer coisas maravilhosas com a gelatina fria na boca"
- "Perdi-os quando entrei na escola"
- "Vocês conhecem o "fai bro..e"?
Esperem por mais desenvolvimentos...
Friday, June 27, 2008
Luz
Não pertenciam a ninguém. Eram impossíveis de contar, estavam fora do alcance e muitas até passavam despercebidas, enquanto outras pareciam competir para ver qual brilhava mais. Mas, todas aqueciam a alma durante o tempo de escuridão, e faziam-nos imaginar o que havia lá fora.
Algumas vezes, teimavam em mudar de lugar com uma fugacidade que nos tornava incapazes de acompanhá-las por mais que alguns segundos. Porém, a sua luz tornava-se efémera. Como que por castigo, deixavam de brilhar no seu novo lugar.
Ao fim de umas horas, e gradualmente, todas deixavam de brilhar. Uma outra luz ocupava o seu lugar e ofuscava-as. Era o dia…