Wednesday, October 1, 2008

Prisão dos Sentidos

Eu não sou eu.
Sou um corpo que age por vontade própria, indiferente ao que acontece à volta. Sou um corpo preso a uma cadeira, sem conseguir levitar.
Sou uma prisão ambulante, retida sempre dentro dos mesmos pontos quilométricos.
Sou uma casa que tenta manter abertas as suas janelas para o mundo, mas uma força superior pesa-lhes, forçando-as gradualmente a fechar-se e a afundar todos os cantos na escuridão.
Sou uma sala acusticamente isolada, que não ecoa os sons do bater das asas das borboletas e o murmurar das formigas.
Sou uma crisálida que não sente os odores do mundo que aguarda a sua transformação. Sou um perfume impregnado de si mesmo!
Sou uma constipação teimosa que não saboreia os profiteroles!
Sou a Lua que estende os dedos brancos para o mar,mas não o sente a sua frescura...

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