Tuesday, October 16, 2012

Tic-Tac...

O meu relógio biológico está a começar a funcionar? Nunca antes pensei nisso, mas agora começo a acreditar que o tic-tac começou... Há algo dentro de mim, ou apenas na minha cabeça, que sente a urgência de acontecer qualquer coisa que não sei explicar o quê. Não sei exteriorizar, não sei por onde começar a entender e muito menos a explicar o que sinto. A urgência... o tic-tac constante na minha cabeça... O Tempo que passa mais depressa do que eu inicialmente calculava. 

Nem pareço Eu... estarei outra vez a ver-me de fora? Não seria a primeira vez, e parece-me que vou ter sempre essas visões de "mim a olhar para mim", de fora do meu próprio corpo... E agora se quiser outro corpo dentro do meu, a crescer? A desenvolver bocadinhos de mim, bocadinhos de ti... a ser eu e tu, num só? Por onde começo?... tic-tac...


“A baby is God's opinion that the world should go on.”

― Carl Sandburg


Thursday, September 6, 2012

Wednesday, September 5, 2012

Conto da Manhã

Batalha campal entre mim e o Guarda Roupa. As duas facções estavam bem posicionadas mas nenhuma queria avançar. No dia anterior a história tinha-se repetido, e tinha sido bastante exigente para ambas, e por isso cada movimento custava horrores. A Cama por sua vez jazia ali no meio... é o que faz sempre, não tem jeito para batalhas! Desde que escolheu ser neutra que tem sido mais requisitada, e durante mais tempo. Mas isso tornou-nos mais próximas. Já nem se importa quando me atiro a ela sem piedade, ou mesmo quando deixo escapar um fio de baba no limiar do sono. Ambas mudamos bastante, confesso. Isso fez-me decidir comprar mais capas de edredons e lençóis. Sei que ela gosta de estar bonita. Entretanto, o traidor relógio no seu tique-taquezinho irritante revela a posição dos seus ponteiros, e eu resolvo por fim atirar-me aos cabides! Um deles resolve prender a alça de uma camisola para que eu não a pudesse arrancar ao breu do armário. Eu, possessa pelo constante tique-taque, puxo-a com força...e pronto, decido ir de vestido...



Amanhã é outro dia, mas a verdade é que ambos temos feridas a limpar: rasgões para cozer, e um carpinteiro para telefonar.


Tuesday, June 12, 2012

Criação


 Não sei explicar porque se é mais criativo quando se está em sofrimento. Quando as coisas nos correm de feição, parece que o cérebro não consegue criar nada de espantoso, apenas vemos aquilo que os nossos olhos nos mostram, sentimos apenas o que as nossas mãos tocam... Deixa de haver o etéreo, aquilo que não é palpável e que só parece existir quando temos o coração apertado, desejando de libertar-se de amarras invisíveis.

 Às vezes me pergunto se toda a grande obra foi gerada no seio da dor, do sufoco e da tristeza... Eu quero criação. Só posso consegui-la sendo fustigada pelos ventos agrestes da Vida?