Thursday, November 4, 2010

O perfume II


Eu sou aquela que não tem bom olfacto, e no entanto anda um odor no ar que só eu pareço conseguir cheirar... Não consigo descrevê-lo, não sei de onde vem...mas desperta em mim uma sensação para a qual também não encontro palavras. Apetece-me apenas sorrir e correr! Beijar, abraçar! Voltar a ser criança...Como poderá um cheiro ter tamanho efeito, logo em mim?
Começo a pensar que poderá ser fruto da minha imaginação...porque mais ninguém o consegue distinguir na azáfama de cheiros que o mundo deve ser. Azáfama essa que me é quase alheia. Mas este cheiro...todo o dia me perseguiu. Cada vez que saía à rua olhava em redor para descobrir a sua origem, mas não fui capaz. Virá do aglomerado de pessoas? Da luz? Do céu?...De mim?
Serei um Jean Baptiste Grenouille reinventado?

Thursday, October 21, 2010

Ressuscitar


É tão estranho como o tempo pode passar e nos transformar quase por completo. As coisas que antes faziam sentido, passam a ser acasos do destino. As coisas que jamais imaginávamos que pudessem acontecer, tomam conta da nossa vida, de mansinho,sem pressa nem pressão. Fazem-nos bem, fazem-nos relembrar o que é viver e instalam-se em nós como se tivessem estado ali toda a nossa vida. E se calhar até estiveram...
Outros caminhos são traçados a cada revolver das folhas pelo chão, novas necessidades surgem à medida que os nossos desejos se vão adaptando a este desenrolar do tempo. Novos sonhos, novos acordares...melhores adormeceres...Sorrisos.

Nada é mais o outrora, vivi...morri...ressuscitei! E não há preço que cubra o valor daqueles que, no tempo em que estive morta, a muito custo me tentavam trazer de volta à Vida!

Sunday, October 10, 2010

O roubo dos sonhos


Todas as noites sonhava com lugares povoados com seres estranhos, que me pareciam familiares, mas ao mesmo tempo não lhes reconhecia os traços. Vivíamos em árvores enormes que me causavam vertigens. Num esticar dos dedos podia sentir a humidade das nuvens que passavam, empurradas pelo vento do bater das asas das borboletas. Borboletas que caíam às cascatas de pontos no céu, envoltas num vapor colorido que formava mil e um arco-íris. A cada inspirar daquele vapor sentia-me renovada e o meu coração parecia até bater com mais intensidade. Podia atirar-me de cima da árvore mais alta que caía sempre em segurança, num vasto mar de relva coberta de orvalho. Eu sonhava a cores.
Tal como na ilha de Calipso, a perfeição abundava. A perfeição das formas, das cores, dos sons, de cada forma de vida...
Mas ao contrário do ardiloso Ulisses, eu não desejava abandonar os prazeres de uma vida sem defeito, sem mácula. A ilusão a cores era a minha realidade, e a realidade afigurava-se como o sonho a preto e branco que eu não queria ter.
Até que um dia adormeci e a noite não foi mais do que uma sucessão de horas negras e silenciosas.Longe iam as noites preenchidas por curtas metragens de correrias loucas entre a relva alta, enquanto milhares de gafanhotos se precipitavam para fugir de mim. Não houve mais baobás nem cascatas de borboletas. Sonhei a preto e branco...e desfaleci.

Num terremoto interior, fiquei prostrada num chão frio à espera que uma mão daqueles seres estranhos me viesse ajudar a erguer. Essa ajuda não chegou. Nem o sonho voltou. Deixei de querer dormir, porque chegava a doer o vazio que eram as minhas noites. Na batalha inglória para manter as pálpebras entreabertas, fui apagando a réstia de sonhos soltos que ainda habitavam os recantos mais recônditos do meu ser.

Demorei algum tempo a perceber que não sonho mais porque houve um ladrão que roubou todos os sonhos da arca velha e a cheirar a mofo que é a minha mente...

Para aqueles que sonham a cores!

Thursday, September 9, 2010

Outono cá dentro

Ouço as folhas que se arrastam pelo chão. Vejo as árvores que balançam lá fora, ao sabor do vento agreste. Vejo as nuvens que se amontoam e empurram no mesmo espaço. Nada parece fazer sentido. Parece-me tudo um filme de terceira categoria ao qual não me apetece assistir. Um filme com som, mas que me parece mudo, como os do Charlie Chaplin. Bons tempos esses...em que era capaz de me divertir a ver um filme a preto e branco e sem som...
Eu não sou mais eu. Alguém se usurpou do meu corpo enquanto fico a observar de fora. Os meus movimentos são demasiado automáticos para me aperceber do que estou a fazer, ou para onde estou a caminhar. Sinto apenas que tenho que fazer alguma coisa, mexer-me. Não posso tornar-me num vegetal ou num zombie... E sei que não posso nem devo pensar. E esvaziar a mente é das piores tarefas...

Tuesday, September 7, 2010

O elo

Senti finalmente que o elo se quebrou. Quebrou-se em mil bocados que nunca, jamais poderão ser colados.

Serei mais eu amanhã, não serei moldada nem acusada. Serei feliz.

Friday, September 3, 2010

Poema da Despedida

Não saberei nunca dizer adeus.

Afinal, só os mortos sabem morrer.

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo.

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos.

Agora
não resta de mim o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.

Mia Couto

Tuesday, August 24, 2010

Time

Kill the time, if the time kills you

Esquece o tempo que passou, aguenta firme à medida que o tempo de hoje passa, e enfrenta o tempo que virá...

Friday, August 20, 2010

Defeito de fabrico

É um defeito meu ver em tudo o que me rodeia, a face das pessoas que amo. Nos lugares, nas acções, nos objectos vejo a saudade, a humilhação, a tristeza, a dor... Por isso não me consigo abstrair, não consigo esquecer e secar as lágrimas...secar o rio de sentimentos atrozes que galgam as margens do meu coração.

Wednesday, August 18, 2010

Adormecida

Por vezes acordo e ainda não sei onde estou. Olho em redor à procura de coisas que me sejam familiares e que me possam trazer resquícios de uma realidade de outrora. Mas, não as encontro...porque elas já não existem. E o ontem esfuma-se mais cada vez que penso em todos os seus detalhes.

Um dia, a realidade de outrora parecerá apenas um sonho que tive. E hoje é o acordar que eu tanto lamentava em tempos. Mas, desejo que tudo se vá apagando para que eu deixe de viver nesse sonho que apenas eu sonhei, num mundo em que eu já vivia sozinha sem no entanto o saber, nas nuvens que só eu via brancas e fofas.
Estive adormecida dez anos...porém, não sei se houve um príncipe que me acordou sem eu notar...

Wednesday, August 11, 2010

Hoje vivo numa realidade paralela. Num planeta cujos prédios não construí, numa floresta com árvores que não plantei, num emaranhado de teias que formam um casulo que não quis criar. Os rios correm tresloucados, e galgam as margens que sustentam as pontes...

Monday, April 26, 2010


Não sei porque não vou lá para fora. Está um dia lindo e não há mesmo nada que me prenda aqui. No entanto, continuo sentada...de frente para a janela e de costas para a porta de saída. Porque ei-de continuar a ver o mundo através de um vidro, ainda por cima com persianas, se só me basta transpor a barreira feita de madeira e trinco, e sair? Que raio de âncora é esta que eu atirei ao meu mar?

Monday, April 5, 2010

A escolha

Porque será que por vezes mesmo sabendo que estamos a fazer uma má escolha, a fazemos na mesma? Será por paixão ou por mera burrice? Lá diz a publicidade que: "O prazer é também uma escolha racional". Sinto-me mais confortada, mas...seremos os únicos prejudicados pelas nossas más escolhas? Às vezes esses caminhos mal traçados podem induzir em erro outras pessoas, e aí sim apetece bater com a cabeça na parede 521 vezes.
Estaremos sempre preparados para assumir as consequências das nossas escolhas? Serão essas escolhas racionais ou passionais? Em todo o caso há sempre o senão...ser racional priva-nos um pouco da vivência pura de uma emoção, o passional pode ser a nossa perdição no futuro...
Jogar uma moeda ao ar, "todos ao molho e fé em Deus", "salve-se quem puder", "venha o Diabo e escolha", "dos dois males o menor", parecem-me ideias tão tentadoras...

Thursday, March 25, 2010

"The saddest thing in the world, is loving someone who used to love you."

Anónimo

Tuesday, March 23, 2010

"You know you're in love when you can' t sleep...because reality is finally better than your dreams."

Wednesday, February 17, 2010

Efémeras bolhas de ar

Que se esgotam após o consumo do oxigénio. Que não se aquentam mais do que o tempo que foram destinadas. Que não significam mais que uma solução aparente e postiça. Que não me vão fazer sobreviver muito mais madrugadas. Que não existem...

Monday, January 25, 2010

Sobreviver

Depois de vários dias enterrado sobre os escombros de um país que simplesmente ruiu, um rapaz era resgatado com um enorme sorriso no rosto. E eu só pensei: Como é que ele consegue sorrir assim? Se fosse eu chorava...de alegria, claro. Oh, povo sofredor...

Life's too short

Relembro uma questão levantada na série (que comecei a ver só agora) Sete Palmos de Terra, aquando a morte de um menino de seis anos, enquanto mexia numa arma:

Quando um dos conjuges morre, aquele que lhe sobrevive é chamado de viúvo ou viúva. Quando os pais de uma criança morrem, este passa a ser orfão. Mas, e quando um pai perde o seu filho, que nome lhe dão? Se calhar, é algo de demasiado horrível para se conseguir dar um nome...

Thursday, January 21, 2010

Shopaholic?


E depois de uma reflexão tão profunda (palavras do meu babe) como o meu post anterior, não poderia ser mais fútil agora! Vou ao centro da cidade e tenho de me controlar para:

* não experimentar nada ( não vá ficar-me bem...);
* não ver alguma coisa que "precise" mesmo, ou que me "faça falta";
* não querer mais um(a) daquela cor porque ainda não tenho...
* não pensar que o orçamento dá para tudo;
* não achar nada fashion;
* não gostar de nada;
* achar tudo muito caro;
* não cair na tentação de remexer nas pilhas de roupa dos saldos ( até é coisa que por norma não faço);
* não comprar por impulso;
* não comprar um número acima ou abaixo porque gosto muito apesar de não assentar muito bem...

Enfim...acho que se conseguir ter em mente estas "directivas" sou capaz de me safar sem abrir o porta documentos e apresentar o MB...Pelo menos não é de crédito, não caio em mais tentações!
Here I go!

Wednesday, January 20, 2010

Ser feliz é injusto

Ser feliz é injusto para aqueles que acreditam que a Felicidade não é uma utopia ou algo intangível,mas que nunca souberam o que é chorar de alegria.

Ser feliz é injusto quando mais ninguém é. Ser feliz é injusto quando não partilhamos da tristeza dos outros. Ser feliz é injusto de cada vez que tivermos de ser felizes sozinhos, e não pudermos partilhar com ninguém. Ser feliz é injusto quando a nossa Felicidade se fez à custa da Infelicidade dos outros. Ser feliz é injusto quando não nos preocupamos com os males da Humanidade e do vizinho do lado. Ser feliz é injusto quando não se quer chegar porque se vive com medo do partir. Mas, pior do ser ser injusto, ser feliz é uma sensação efémera...

É normal sentir medo na altura em que se é feliz? Medo de num momento estar tudo bem, e no outro o mundo desmoronar? Não será um paradoxo dizer que se é feliz mas que se vive com medo? Não será o medo em si a nuvem que tolda a felicidade plena? Existirá tal conceito?

Simplesmente não podemos ser sempre felizes. E isso não é triste?

Tuesday, January 19, 2010

O amor é lindo...mas os penteados não!

Personalize funny videos and birthday eCards at JibJab!

Broken

The broken clock is a comfort, it helps me sleep tonight
Maybe it can stop tomorrow from stealing all my time
I am here still waiting though i still have my doubts
I am damaged at best, like you've already figured out

I'm falling apart, I'm barely breathing
With a broken heart that's still beating
In the pain, there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on, I'm holdin' on, I'm holdin' on
I'm barely holdin' on to you

The broken locks were a warning you got inside my head
I tried my best to be guarded, I'm an open book instead
I still see your reflection inside of my eyes
That are looking for a purpose, they're still looking for life

I'm falling apart, I'm barely breathing
with a broken heart that's still beating
In the pain (in the pain), is there healing
In your name (in your name) I find meaning
So I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm barely holdin' on to you

I'm hangin' on another day
Just to see what you throw my way
And I'm hanging on to the words you say
You said that I will be OK

The broken lights on the freeway left me here alone
I may have lost my way now, haven't forgotten my way home

I'm falling apart, I'm barely breathing
with a broken heart that's still beating
In the pain(In the pain) there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin'),
I'm barely holdin' on to you

I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin'), I'm holdin' on (I'm still holdin'),
I'm barely holdin' on to you

Lifehouse

Travel


Traveling makes a man wiser, but less happy.

Thomas Jefferson (1743-1826) Third president of the United States.

So I'm feeling sad, like there is no freedom, like I was stuck on something invisible and strong. I'm feeling sad because each day I realize that I am loosing a piece of happiness, that is out there somewhere...And I have no strength to break the rules.

Tigres


No dia em que ouvir dizer que já não existem mais tigres no mundo, será um dia de profunda tristeza... Vou chorar porque isso significará que, mais uma vez, nós como humanos inevitavelmente rumamos para a destruição da nossa casa e o que ela tem de mais belo.

Tuesday, January 12, 2010

Just to remind you...


Love is a temporary madness. It erupts like an earthquake and then subsides. And when it subsides you have to make a decision. You have to work out whether your roots have become so entwined together that it is inconceivable that you should ever part. Because this is what love is. Love is not breathlessness, it is not excitement, it is not the promulgation of promises of eternal passion. That is just being in love which any of us can convince ourselves we are. Love itself is what is left over when being in love has burned away, and this is both an art and a fortunate accident. Your mother and I had it, we had roots that grew towards each other underground, and when all the pretty blossom had fallen from our branches we found that we were one tree and not two.


Captain Corelli's Mandolin, Louis de Berniéres

Monday, January 4, 2010

2010

Primeiro dia de trabalho do ano, primeiro post...Não há nada de especial para dizer, nenhum pensamento profundo. Apenas um sentimento familiar de regresso ao ponto de partida.
Não pensei em muitos "new year's resolutions", mas naqueles em que efectivamente pensei, não os vou revelar. Talvez assim se concretizem. Os que dependerem de mim, deverão estar assegurados, aqueles que não...
Espero apenas que em 2010 se acabe o tormento que foi 2009. Acredito que os anos pares são bons...se nos esforçarmos um pouco para que assim sejam.
Empunhemos as armas e enfrentemos o futuro ano com toda a garra e determinação! Havemos de sobreviver.


Ah, faltam-nos dois anos? hehe