Friday, June 19, 2009

Thursday, June 18, 2009

Cheira bem!


Cheira a mar e a calor! Cheira a protector solar e a escaldões onde ele não actua. Cheira a rua, a céu, a brisa e a gelados. Até ouço o bater das ondas!
Como o cérebro nos engana...

Tuesday, June 9, 2009

O sofá vermelho


Todos os dias pela manhã repetia um ritual que a levava a recuar vários anos no tempo. Antes de tudo, chorava. Chorava até ficar com os olhos completamente inchados e vermelhos, como pequenos vulcões numa erupção de lágrimas. O lençol ficava ensopado e cheio de ranho. Quando finalmente conseguia reter as lágrimas no seu depósito temporário, levantava-se e ia sentar-se no sofá onde ele lia o jornal enquanto comia uma maçã verde, como os seus olhos. Ficava ali sentada durante alguns minutos, tentando ver o mundo pela perspectiva dele...tentando sentir ainda o seu calor a emanar do velho sofá branco...bem, já um pouco bege. Não,não conseguia sentir o calor dele! O calor que sentia emanava de si, do seu corpo cheio de vida e sonhos perdidos.
Não tinha força para a sua corrida matinal. Não tinha carinho para dar ao cão. Não tinha energia para sorrir. Não tinha nada. Estava para ali a lamentar-se por algo que não podia emendar ou reverter, mas continuava com os pés presos no chão das lamúrias e com o pensamento no intangível.
Até que o cão, aquele ser que amava como a um membro da família, mas que relegara para segundo plano há já muito tempo, parecendo ter-se revoltado finalmente, num ataque de uma fúria estranha, mordeu-a ferozmente numa perna. Ela, no grito de dor que exalou, libertou todas as angústias e tristezas, tendo por fim sentido vontade de chorar por uma dor física, que não conseguia controlar para já, mas que um dia iria passar também. O cão libertara-a da sua dormência mental e física, dando-lhe uma prova de carinho de forma grosseira e momentaneamente dolorosa, mas sincera e eficaz.
No dia seguinte já não chorou porque não tinha tempo...tinha de ir fazer o curativo na perna. Deu uma longa caminhada pela praia...com o cão. E comprou um sofá novo...vermelho.

Thursday, June 4, 2009

Sem título

Estou presa num lugar que não sei. Não tenho tempo para dormir, nem quero ficar acordada. Ir em frente sozinha aduz-se como um desafio ao qual posso não resistir, mas ficar retida no presente também não é alternativa.
Olho em redor e tudo o que os meus olhos vêm são impossibilidades, reticências...flutuações eternas numa atmosfera de hesitação.
Tenho gritos presos na garganta e lágrimas suspensas por fios de pudor. Mil espinhos cravam-se nas minhas têmporas, como se eu fosse um Cristo no feminino.
Aposto na rebelião. Opto pela fuga à seriedade dos momentos. Ninguém irá perceber...
Porque estou aqui,onde sempre estive.

Tuesday, June 2, 2009