A miúda em mim

Sim...chegou a data em que cumpri mais um ano de vida.
Parece estranho que os anos tenham passado tão depressa, e eu não seja mais aquela miúda que só deixou de brincar com bonecas por vergonha, e não porque algum dia tivesse deixado de gostar delas. Hoje, ainda as olho com nostalgia...estão ali abandonadas, sem a vida que outrora eu lhes concedia. Por vezes penso que um dia gostava de ter uma mini me só para podermos brincar juntas. É a miúda em mim a sobressair.
Olho para os meus pais e imagino o que sentirão: que eu já não sou a miúda que falava com as bonecas e as ervas, que acreditava veemente no Pai Natal, e que deixava a janela do quarto aberta durante a noite, para que seres mágicos por ela entrassem. Todavia, e acho que eles não sabem, ainda hoje tenho o hábito de miúda a dormir de cabeça quase tapada porque tem medo do escuro...Só que agora não é o medo do escuro que faz abafar-me toda, e sim o hábito. Um de tantos outros que fui adquirindo, fossem eles bons ou maus.
A verdade é que a Vida passa. Os anos que pareciam distantes aproximam-se a uma velocidade furiosa, e os que passaram parecem esbater-se nas brumas da minha memória.
Mas há coisas que nunca mudam. Há sempre uma miúda em mim pronta a correr descalça e a saltar pela erva alta. Sim, ainda quero uma casa de bonecas...